sábado, 3 de abril de 2010

Especial.

“ Poema para um grande amor “

Como passar do tempo
Você consegue compreender coisas tão essenciais
Que muitas vezes são imperceptíveis a “olho nu”

Entende que a verdadeira idade está na alma de cada um,
Nas experiências vividas e compreendidas, porque não é válido só viver,
É necessário compreender também nos detalhes,
No mínimo gesto de um olhar

Entende o que não se traduz,
O que não se explica, mas o que se sente
O que aperta o peito e o olhar dissimula
O que a pele confessa e a boca rejeita
O que a verdade quer gritar e o medo faz calar
O que se sente e não poderia
O que faz trair a sim mesmo
O que faz atiçar os sentidos e não deveria
A falta de medidas
O insaciável

Entende que nunca entenderá tudo
E isso basta.

(Autora do texto Renata Cardoso - 03-04/2010)

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu também sei .

Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti)


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

PARE, PENSE, REFLITA, DESACOSTUME-SE, MUDE, AINDA DÁ TEMPO RECOMEÇAR.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

02 de Setembro de 2009




"And if she had wings would fly to not remember everything that she's feeling."

domingo, 30 de agosto de 2009

Sentimento.



Uma Raiz, Uma flor .

E porque a saudade existia, ela sentia.
Como uma raiz que findava na terra,
Como também em seu coração aquela sensação.
Ficou cara a cara com o medo . Com toda sua audácia riu.
Mesmo com a fugacidade do medo, lhe deu a mão
Seguiu na vida, cumprindo a lida
Sentiu-se viva.
Nasceu uma flor.

Escrito por Renata Cardoso.

Pensamentos soltos.


Mário Quintana disse uma vez que:

Saudade
é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento
é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Lucidez
é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Paixão é quando apesar da palavra perigo o desejo chega e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.


É. Ele sabia das coisas ...!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ausência.

Queria muito que a coragem colaborasse pr'eu postar todos os meus textos hoje.
Buuuut ... como sempre ela vai embora, e quando chove se esconde.

Postarei breve.
Fato.

Renata Cardoso.

Click.



Retrato no espelho

A mente e o coração de uma mulher são como labirintos
Por onde transitam milhares de pessoas.
Às vezes até iguais, mas com sentidos bem distintos.
Há “ruas” escuras cuja travessia requer sensibilidade ao andar
Por horas à perda, mas logo há o (re) encontro.
Andar leve com pegadas fortes
Ora as deixando ora as procurando.
Pára. Olha através da janela do passado e as imagens lhe vêm,
Uma razão, um coração onde dentro tudo doía, tudo queimava, tudo ardia, tudo caia.
Passa a diante sem fechar a janela, deixando tudo livre
Mais um passo e já não está mais no mesmo lugar
Agora anda levemente,
Seu coração encontrou - no meio do caminho - um novo estimulo para bater
Fecha os olhos, sente o vento e recorda-se que é só uma menina.

(Autora do texto Renata Cardoso)

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