quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Ano novo,Vida novaaa,realizações novas tb ,personalidade antiga porém forte e marcante sem pretenções de alterações ...!!
Mais um ano se inicia com a perspectiva de que coisas boas acontecerá ...!!No meio disso tudo tava eu lendo umas coisas na net e achei esse texto de Ferreira Gullar q merecia um espaço aqui no meu blog ...
Somos uma inveção de nós mesmos
Certo dia, me dei conta de que as pessoas se inventam, de que o ser humano é uma invenção de si mesmo. Veja se não é: a gente, quando nasce, é ninguém, não tem noção de nada, nem do mundo nem de si mesmo. Com o tempo vai aprendendo e então se pergunta: quem sou eu? E, para responder, começa a definir sua identidade. Aí começa a invenção. Claro, a sociedade já existia quando você nasceu, com os valores que a constituem e os quais você adquire pela educação. São valores que as pessoas, que vieram antes de você, inventaram. O conjunto desses valores se chama cultura, desde a noção de justiça, de certo e errado, até como se prepara uma salada. Tudo isso é cultura e foi inventado, como foram inventadas a cidade e quase todas as coisas que estão nela: as casas, os automóveis, o telefone, o computador, a energia elétrica, etc., etc. Quem vive na natureza é macaco e onça; nós, seres humanos, vivemos em um mundo cultural, inventado por nós. E dentro desse mundo, as pessoas também se inventam: umas se inventam educadoras, outras artistas, outras esportistas, outras operárias, outras vigaristas. Não estou dizendo que qualquer pessoa pode ser qualquer coisa, desde que decida ser. Nada disso. Para ser esportista, por exemplo, a pessoa deve possuir determinadas qualidades sem as quais não terá êxito. Logo, cada um se inventa mas mediante suas qualidades e necessidades, e é preciso que as outras o reconheçam como tal. Não adianta eu dizer que sou Napoleão, se ninguém acredita. Este é um dado importante: precisamos que o outro reconheça em nós a pessoa que inventamos ser. Por isso, nossa invenção tem de ser plausível, verdadeira. Não nos inventamos apenas para nós mesmos mas também para o outro que, ao nos reconhecer, dá sentido à nossa invenção.
FERREIRA GULLAR